O mundo que assistiu atônito e esperançoso à decolagem do 14 bis
ansiava por libertar-se das amarras que restringiam a integração entre
os povos. As distâncias físicas e culturais à época impediam que
milhões de pessoas tivessem acesso aos benefícios advindos da evolução
pela qual a humanidade passava.
Foi esta ânsia milenar que sustentou as asas daquele protótipo
durante os seis segundos que mudaram a trajetória do homem. A primeira
máquina voadora a ganhar os céus por meios próprios tornava-se, também,
uma autêntica máquina do tempo, unindo o passado e o futuro, e
conferindo ao presente uma aceleração jamais concebida.
Ao tocar os gramados do Campo de Bagatelle, o genial, intrépido e
generoso Alberto Santos-Dumont entregava ao homem um novo mundo,
diferente daquele que o viu decolar: um mundo próspero e repleto em
oportunidades.
Celebrar o 23 de outubro – o Dia do Aviador – é, na verdade, enaltecer
o real sentido que aquela façanha conferiu à história e aos rumos da
humanidade. É refletir sobre o significado do domínio dos céus e seus
inerentes desafios e responsabilidades. É renovar o orgulho em sermos
brasileiros – como Santos-Dumont.
Nos dias de hoje, herdeiros das virtudes e dos sonhos do pai da
aviação, bravos aviadores cruzam o azul de todos os fusos, e dão
continuidade à grandiosa obra por ele iniciada.
Em suas asas, altaneiros, conduzem a esperança e o progresso;
aproximam famílias e nações; vigiam e defendem o espaço aéreo;
asseguram aos aflitos, na terra e no mar, a certeza do resgate.
Eis o espírito de devoção e profissionalismo que anima aviadores de
todas as bandeiras, civis e militares. Eis o espírito altruísta que os
faz despertar a cada manhã e oferecer em holocausto suas próprias
vidas, se preciso for, munidos do entusiasmo nascido ainda no primeiro
vôo.

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